Sabe pra onde o Papelpop foi há pouco mais de um ano? Em abril de 2016 desembarcamos em Atlanta, nos EUA, para acompanhar algumas gravações do filme “Baby Driver”, que aqui no Brasil recebeu o nome de “Em Ritmo de Fuga”. O longa, que tem direção de Edgar Wright (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”), é estrelado por Ansel Elgort, que atua ao lado de nomes de MUITO peso, como Kevin Spacey, Jamie Foxx, Jon Hamm e Jon Bernthal.
O filme ainda conta com a nossa Cinderela, a britânica Lily James, e a quase estreante em Hollywood Eiza González, atriz mexicana vista na série “Um Drink no Inferno”.
Que time, né? E se a gente considerar a parte sonora do filme, o peso dele só aumenta. É que “Em Ritmo de Fuga”, como o nome em português já sugere, vai mostrar um grupo de criminosos que a cada novo assalto a banco foge pelas ruas de Atlanta ao som das playlists de Baby, personagem do Ansel, um motorista contratado pela gangue que só manda bem de verdade no volante se estiver ouvindo música – e muita música boa, como Queen, por exemplo. O filme não será musical, mas terá a maior parte das suas cenas sincronizadas e coreografadas de acordo com o ritmo das músicas escutadas por Baby. E sabe quem fez a coreografia do filme? Ryan Heffington, o coreógrafo da Sia e a Florence Welch. Pois é, a gente falou que o peso desse time só aumentava.
Em Atlanta, além de visitar vários pontos turísticos da cidade, como o Parque Olímpico e o World of Coca-Cola (sim, a gente tem que aproveitar para turistar também, né? Hahaha!), vimos várias gravações do filme durante um dia inteiro – e todas incluíam muitas cenas de velocidade pelas ruas e estúdios de filmagem da cidade. A primeira de todas foi num grande estacionamento, locado pela produção do filme. Por lá, carros entravam e passeavam por dentro do lugar, em alta velocidade, com todos nós, jornalistas, pertinho, acompanhando tudo – e com um puta medo (oculto, claro) de que pudesse dar alguma merda e um carro voasse onde estávamos. O barulho dos motores chegava a ser ensurdecedor em alguns momentos.
O Ansel Elgort, ator que conquistou os nossos corações em “A Culpa é das Estrelas” (2014), estava por lá apenas para gravar rapidamente dentro do carro e aproveitou para bater um papo com a gente.No filme, quem pega no volante de verdade é o seu dublê, mas ele precisou aprender alguns truques para o papel. “Mesmo não precisando dirigir, eu tive que aprender a fazer ‘drifts’ e ‘cavalos-de-pau’. Apesar de você não estar dirigindo, tem que saber como agir nas cenas.”
O ator nos contou por lá uma curiosidade – ele só tirou sua carteira de habilitação por causa das gravações de “A Culpa é das Estrelas”, anos atrás. “Uma semana antes de começar a gravar eles perguntaram se eu tinha habilitação, porque iria precisar. Eu já havia dirigido com minha mãe, ela é uma ótima motorista, mas não tinha a licença.” Questionado se foi escolhido para “Em Ritmo de Fuga” por suas habilidades no volante, ele brincou e disse que não por isso, mas que manda muito bem. “Se você dirige em Nova York, você tem que ser um bom motorista.”
Por ser coreografado, o filme deu muito trabalho para os atores, que precisavam repetir as cenas várias vezes para ficar tudo no ritmo certo. “É tudo coreografado e há cenas sem cortes, então tem que ser tudo perfeito. É como fazer teatro novamente, é como uma peça musical”, conta Ansel.
Mas por que tanta música? Por que o personagem Baby é tão ligado nisso? Bem, o Ansel explica. “Ele esteve num acidente de carro quando tinha sete anos e perdeu os pais. Ele tem problemas de audição e não gosta muito de falar, então a música é seu escudo, o cobertor que dá proteção”.
Um spoiler da nossa viagem para Atlanta: a gente não encontrou o Kevin Spacey na nossa visita ao set, o que sim, nos deixou muito tristes. Ao menos, o Ansel Elgort nos contou um pouco de como é trabalhar com ele. “Kevin é como um mentor, de um jeito que eu nunca esperei. Todos eles foram muito receptivos e encorajadores. Geralmente atores assim têm a reputação de não gostar muito de jovens atores, mas ele foram muito gentis.”
A gente ficou cara a cara com o Don Draper e o Justiceiro!
Depois do nosso papo com o Ansel, fomos andando até um local onde estavam vários trailers do filme. Por lá, se preparavam para gravar o Jon Hamm, nosso eterno Don Draper de “Mad Men”. O ator vive com Eiza González um cômico casal de criminosos que é MUITO grudento, do tipo que tem até tatuagem combinando – ele tem um “dela” escrito no pescoço, enquanto ela tem um “dele”.
Hamm estava sentado numa cadeirinha daquelas de diretor, e todos nós jornalistas o cercamos para fazer algumas perguntas. Ainda bem que estávamos gravando tudo, porque simplesmente não dá pra se concentrar em nada olhando pra ele. O cara é ainda mais sedutor pessoalmente – agora dá pra entender porque ninguém resistia ao Don Draper na série.
O Jon nos contou que se atraiu pelo filme por ter a oportunidade de fazer um papel bem diferente de tudo que ele já fez. “É legal viver um papel assim, o tom do filme é bem diferente do meu trabalho na televisão. Como ator, é legal fazer coisas variadas e que sejam divertidas, seja ‘(Unbreakable) Kimmy Schmidt’ ou ‘Minions’.”
Apesar de não ser o motorista da gangue, o Jon Hamm também precisou fazer umas aulinhas de direção. “Eu aprendi a fazer uns truques, mas eles certamente são ilegais, se eu fizer fora do set eu provavelmente vou ser parado pela polícia”, brinca.
Por viver um assaltante, o ator precisou também de umas aulinhas de como lidar com uma arma e, acreditem, de como roubar um banco. “Temos no set alguns consultores que podem nos dizer o que realmente acontece num assalto à banco. Além disso, eu fiz um filme chamado ‘Atração Perigosa’, em que estava do outro lado da equação, então conversei com muitos agentes de polícia sobre isso tudo”, respondeu diretamente ao Papelpop, com um olhar penetrante que fazia a gente rir de nervoso igual a uma adolescente apaixonado pela primeira vez.
O nosso Don Draper não é muito fã de armas de fogo e por isso tomou todo o cuidado do mundo para aprender a mexer direitinho em uma. “Eu entendo a importância de armas de fogo na nossa sociedade e especialmente em filmes, mas a segurança foi minha principal preocupação. Além disso você tem que agir como se soubesse o que está fazendo.”
Após a entrevista com o Jon Hamm, foi vez de nós, jornalistas, também sentarmos numa daquelas cadeirinhas de diretor. Depois de muitas fotos e brincadeiras, fomos conversar com o Jon Bernthal, o Justiceiro das séries da Marvel na Netflix e que também é conhecido por “The Walking Dead”.
No longa, o Bernthal vive mais um dos criminosos da gangue, em que conhece muito bem todo mundo, com exceção do Baby, e fica meio desconfiado dele. “Esse papel é bem pesado. Ele é um criminosos experiente.”
O cara é bem perigoso e passou um tempo preso, como mostram algumas tatuagens feitas no Jon Bernthal para o filme. “Ele é cheio de tatuagens da prisão. A ideia é mostrar que ele esteve preso.” O motivo da prisão é bem suspeito. “Ele supostamente matou alguém, mas se isso é verdade ou se ele apenas fala para se gabar, eu não posso contar”, nos disse o ator.
Em seguida, saímos todos dalí e fomos acompanhar as filmagens de uma cena de pelas ruas de Atlanta. Nós, jornalistas, ficamos no topo de um prédio em frente à CNN. Lá na rua, os atores se revezavam com os dublês na gravação, em que o carro onde estavam saía de um estacionamento em alta velocidade na esquina do Parque Olímpico com a Rua Marietta. Um detalhe, o “carro”, na verdade, estava acoplado a um outro veículo especial, projetado para gravações, que levava não apenas o automóvel da cena, mas também o diretor e seu equipamento. Foi incrível ver a mágica por trás de Hollywood – mas pena que não podíamos filmar ou fotografar nadinha ali.
Fim do nosso dia
De volta ao estúdio, a equipe de dublês do filme fez uma apresentação especial de “cavalos-de-pau” para os jornalistas. Um de nós, inclusive, chegou a entrar no carro com eles. Depois de toda essa brincadeira, o Papelpop reencontrou o Ansel a sós (sim!) e gravamos um vídeo com ele. Alguém lembra?
Lá no estúdio, a gente teve ainda a oportunidade de bater um papo com o Ryan Heffington, coreógrafo do filme e de clipes incríveis e marcantes de artistas como Sia e Florence Welch. “O maior desafio nesse filme foi criar a mágica de que as cenas parecem ser naturais, quando são bastante coreografadas. Há algumas cenas em que absolutamente todos estão sendo coreografados, pessoas na rua, cachorros latindo e passando na hora certa”.
O Ryan explicou para o Papelpop que não há necessariamente uma dança, mas sim um ritmo em todo o filme. “É uma questão de tempo. Você dá uma contagem e um ritmo. É sobre manter uma contagem, mas não a um nível de dançar, e sim um nível de caminhada”, diz. “Eu acho que nunca houve um filme assim antes”, acredita o coreógrafo.
Obviamente tivemos que aproveitar o nosso papo com o Ryan para perguntar como é para ele trabalhar com divas como Florence e Sia. “Sia é incrível, é muito bom colaborar com ela. Acho que nosso trabalho deu certo porque ela confia em mim e isso me deixa muito confortável.”
E a Florence? “Eu acho que ela é, além de cantora, uma das melhores atrizes com quem trabalhei. Ela começou a dançar faz pouco tempo e se apaixonou por esse desafio. Ela é tão boa!”
Bom, e para finalizar o nosso dia em Atlanta, claro que tínhamos que bater um papo com o maior responsável por esse filme, o diretor Edgar Wright. Edgar teve a ideia inicial para “Em Ritmo de Fuga” a partir de um videoclipe que ele dirigiu em 2003, “Blue Song”, do Mint Royale. A partir daí ele levou anos e anos para conseguir produzir o filme, cujo roteiro só ficou pronto depois que ele finalizou “Scott Pilgrim Contra o Mundo”, em 2010.
“Tecnicamente é uma das coisas mais complicadas que eu já escrevi. Foi algo eu comecei a partir da música e então eu comecei a criar os papéis e os personagens, transformando num filme que eu gostaria de ver”, explicou o cineasta, que estava MUITO ocupado naquele dia, mas fez questão de nos presentear com sua simpatia por uns cinco minutinhos.
Não esqueçam, “Em Ritmo De Fuga” tem previsão de estreia no Brasil para o dia 17 de agosto.
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