teatro

Musical sobre tabus e adolescência, “O Despertar da Primavera” ganhará revival em 2018

Mais de 10 anos antes de “13 Reasons Why” colocar o suicídio adolescente em pauta, “O Despertar da Primavera” estreava na Broadway falando deste e de diversos outros temas considerados tabus – principalmente quando se está na puberdade.

Com um elenco majoritariamente jovem (dos 21 atores, apenas dois são adultos, que fazem todos os personagens mais velhos), o musical conta a história de um grupo de adolescentes que enfrentam a repressão sexual e de expressão do fim do século 19.

O texto trata de diversas situações que todo adolescente passa – e outras mais barras, como incesto, abuso sexual, aborto e suicídio.

“Mas nossa, Papel Pop! Como um musical que fala de tanta coisa horrível pode ser bom?” Aí é que está o trunfo dele, amore! Essas situações tensas são costuradas por histórias de amor lindas e que, de tão inocentes, escancaram as pressões ridículas dos adultos e da vida adulta que recaem sobre a gente tão cedo.

Escrito por 1891 pelo alemão Frank Wedekind, o texto original foi censurado por décadas até conseguir sua primeira montagem sem cortes em Londres. Ainda na década de 1960, a peça continuava sendo censurada aqui e ali.

Protagonizada por Lea Michele, a obra de Wedekind chegou à Broadway em forma de musical pop-rock em 2006. Foi um sucesso estrondoso! Das 11 indicações aos Tony, o Oscar do teatro americano, “O Despertar…” levou oito, incluindo melhor musical, libreto (texto), direção e trilha sonora original.

Essa mesma trilha sonora também ganhou um Grammy de “melhor trilha sonora de musical”. A montagem londrina também foi reconhecida pelo Oliver, o Tony “da terra da Rainha”, que premiou o musical com quatro troféus.

NO BRASIL
“O Despertar da Primavera” abriu as cortinas no Brasil em 2009, sob a direção de Charles Möeller e Cláudio Botelho, que foram os primeiros no mundo autorizados a fazer uma montagem “não-réplica” da Broadway.

Pela primeira vez, as vovózinhas de laquê que são habituée das plateias brasileiros tiveram que disputar espaço com adolescentes e jovens que queriam ver seus dramas representados no palco, como explicou o diretor na época:

“A grande sacada é colocar a música de hoje relacionada aos jovens daquela época. Seus gritos e buscas permanecem os mesmos. O tempo passou, mas a essência do homem se mantém oprimida muitas vezes, especialmente diante da Família, da Igreja e do Estado.”

Por aqui, o musical teve duas temporadas em São Paulo e uma no Rio. Além disso, fez a Adele no Grammy e levou ganhou vários prêmios: dois Qualidade Brasil, um Prêmio Shell e mais três prêmios da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro.

Mas o melhor, mesmo, foi ver o surgimento de vários talentos cujo as carreiras deslancharam depois do musical.

No elenco original, estavam Malu Rodrigues e Pierre Baitelli (que faziam uma cena completamente nus), Letícia Colin, Rodrigo Pandolfo (o filho da Dona Hermínia!) e Thiago Amaral (que ~batia uma~ no palco). Nomes que hoje são reconhecidos no teatro musical, como André Loddi, Bruno Sigrist, Gabriel Falcão, Felipe de Carolis e Laura Lobo também fizeram “O Despertar da Primavera.”

O REVIVAL
Nesta quinta-feira (18), Charles Möeller e Cláudio Botelho postaram uma foto dos primeiros ensaios da o musical, lá em 2009, para anunciar que após quase 10 anos da sua estreia no Brasil, “O Despertar da Primavera” ganhará uma remontagem em 2018.

Nenhum outro detalhe sobre a nova produção foi revelada, mas foi o suficiente para deixar os fãs do musical (aka este que vos escreve) com lágrimas nos olhos e muita ansiedade. Enquanto mais novidades não chegam, dá pra ir matando as saudades no YouTube! Olha como era lindo!

Nesta cena, os meninos divagam sobre a repressão da sociedade em relação as suas liberdades, principalmente a sexual:

Depois, as meninas também se juntam a eles:

E aqui, Melchior, o protagonista, reconhece que se fudeu em meio a tantas regras:

Deu pra entender por que a gente não vê a hora de um revival desse musical maravilhoso? VEM, 2018!

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