Começou nesta quarta-feira, 17, a 70ª edição do tradicional Festival de Cinema de Cannes, e o evento já trouxe debates sobre a presença controversa da Netflix por lá.
Contextualizando, por causa do serviço de streaming se recusar a exibir dois filmes (“Okja” e “The Meyerowitz Stories”) nas salas de cinema, Cannes precisou fazer uma nova regra valendo a partir de 2018: qualquer produção que desejar participar da competição nofestival terá que se comprometer a ser distribuído nos cinemas da França.
De acordo com o The Hollywood Reporter, o presidente do júri deste ano, Pedro Almodóvar, e Will Smith, também do corpo de jurados, deram suas opiniões sobre o assunto.
Almodóvar leu o seguinte comunicado oficial do festival:
“Plataformas digitais são uma nova maneira de oferecer palavras e imagens, algo enriquecedor. Mas esses serviços não devem tomar o lugar de formas já existentes, como salas de cinema. Sob nenhuma circunstância eles devem mudar a oferta para espectadores. Penso que a única solução seja que essas plataformas aceitem e cumpram as regras existentes já adotadas e respeitadas. Pessoalmente, não acho que a Palma de Ouro [maior prêmio de Cannes] deveria ser dada a um filme que não é visto na tela grande. Isso não quer dizer que eu não esteja aberto ou celebre novas tecnologias e oportunidades, mas enquanto estiver vivo estarei lutando pela capacidade hipnótica da tela grande para o espectador.”
Direto ao ponto! Will Smith, no entanto, que atua em “Bright”, um dos próximos filmes da Netflix, defendeu a plataforma:
“Tenho filhos de 16, 18 e 24 anos de idade em casa. Eles vão ao cinema duas vezes por semana e assistem à Netflix. Há pouca intersecção entre o que veem no cinema e o que assistem na plataforma. Na minha casa, a Netflix não prejudica em nada a ida ao cinema; eles vão para serem impactados por certas imagens e ficam em casa para outras coisas. Na minha casa, a Netflix só foi benéfica – eles assistem a coisas que jamais veriam. A Netflix ampliou a compreensão cinematográfica global dos meus filhos.”
Vale lembrar, também, que a Netflix conseguiu os direitos de exibição de “The Irishman”, filme de Martin Scorsese com Al Pacino e Robert DeNiro, e provavelmente não vai passá-lo nos cinemas, salvo lançamentos limitados.
Dois argumentos bem interessantes, não? O que vocês acham dessa história? A Netflix e outras plataformas devem se adaptar às regras vigentes ou os tempos estão mudando e as mídias/festivais tradicionais precisam aceitar os novos modelos?
(via The Hollywood Reporter)
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