Cinco anos é bastante tempo, ainda mais no mundo da música – onde tudo corre numa velocidade absurda e um som pode virar descartável da noite para o dia. Lançar três discos durante este período e ainda ser relevante é algo supremo, fora da curva. Além de termos sido presenteados com um feriado santo, na última sexta-feira (14), tivemos o lançamento de “DAMN”, novo disco de Kendrick Lamar.
Ter fôlego por meia década em qualquer área é algo de muita pressão. Seja você um vendedor, modelo de passarela ou jogador de qualquer esporte. Para ser perfeito assim, apenas um santo. Algo que tenha uma intercedência divina.
No decorrer da minha primeira audição de “DAMN”, fiquei acompanhando alguns comentários sobre o trabalho no Twitter: “Nossa, muito pesado” ; “Prefiro Bitch Don’t Kill My Vibe”; ou o clássico: “Não ouvi, não gostei”. ‘Damn’ merece inserções repetidas na massa cinzenta para melhor compreensão de suas orações entrelaçadas.
Não é um disco fácil para pegar de primeira, realmente. Fui acompanhando no Genius o significado de cada música, pois é praticamente impossível acompanhar o ritmo fonético de Lamar e fiquei embasbacado pela urgência de suas músicas que clamam por amor, deus, igualdade e #paz.
Como em seus trabalhos anteriores, Kendrick absorve os problemas e louros de sua vida, observa o que está acontecendo redor e musicaliza. Seja algo sobre política, drogas ou religião. Aliás, esta conectividade com religião é algo que o rapper debruça no decorrer de “Damn”. Seja em ‘D.N.A’, onde compara o seu nascimento com o de Virgem Maria. Ou em’ Yah’, referência a Yahweh (do hebraico), que representa Deus.
Não temos tempo para perdurar, pois queremos agora e vivemos agora. Ter paciência para meditar, orar ou entrar em contato com este ser superior é algo que não faz mais parte do dia-a-dia. Kendrick não impõe alguma religião durante este trabalho, mas pratica a reflexão de como este ser onipresente impacta a sua vida.
O primeiro álbum de Kendrick Lamar, “Section 80”, foi o seu cartão de visita para o mercado e preparava o público para o lançamento de “Good kid, m.A.A.d city”, retrato da vida do rapper em sua cidade de coração chamada Compton, Califórnia. “To Pimp a Butterfly” é a narrativa de uma lagarta que vira borboleta e Kendrick fala da transformação deste mundo que criou.
“Damn” continua a falar sobre assuntos que incomodam, como o futuro sombrio da América negra com Trump, amigos que encontraram Deus por ter caído no crime, ou as más vibrações que ele recebe por ter dado certo na vida.
Este novo trabalho é a prova que Kendrick continua sendo um dos melhores rappers da atualidade, de longe. O comportamento por carregar esta cruz é bem simples, humilde. Como diz o ditado urbano: “Kendrick Lamar está fazendo o que o Kanye West acha que está fazendo”.
Ouça “DAMN” abaixo:
(Ilustração: Jenny Chang / BuzzFeed)
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