Quer ver um filme ruim? Quer dar risada de um filme que não tinha a intenção de ser engraçado? Vá ver “Cinquenta Tons Mais Escuros”. Pensei que ia ser putaria boa, que ia ser um filme sexy, mas nem é. Ninguém vai ver esse filme achando que ele vai ser bom, né? Alguém lê esses livros da E. L. James achando que eles são bons? Não. Nós vemos pela putaria. Ponto. Masssss… Elas não são boas. Vão ficar te devendo.
O que tem nesse segundo filme? Um roteiro bizarro que faz rir, gente pelada bonita, diálogos bregas e uma caracterização tosca e inesquecível dos personagens (um beijo, Kim Basinger! Estamos orando).
Antes de começar a falar, eu preciso confessar que não vi o primeiro filme. Nem li os livros. Vocês irão perceber que eu não sei de nada e que o filme novo não me ajuda a saber de nada também.
O filme começa com a Anastasia. Ela trabalha numa editora, mas eu não sei se ela é escritora, jornalista ou uma secretária que ama ler livros.
Aliás, quem são os pais dela? Onde ela mora? Vi que elas tem uns amigos que aparecem num bar, mas não sei muita coisa dela. O filme não se preocupa em contar nada disso.
Grey aparece e encontra Anastasia. Eles conversam e ela aceita voltar para ele. Ótimo. Não sabia que eles tinham terminado, mas a conversa é tipo “agora você vai ter limites, né, mozão?”. Aí o Grey diz que sim e ela meio que responde: “Mas, mô, você vai mesmo conseguir ficar só comigo e abandonar as putarias e as surubas de vez?”. Ele insiste que sim e o casal reata.
Eu sei que o Christian Grey é um milionário tarado cheio de traumas que sodomiza as mulheres e que uma delas, OLHA SÓ QUE SORTUDA, acaba conquistando o coração dele, mas a tal da Anastasia é muuuuuito capacho dele. Ela ama tanto o tal do Grey que faz tudo que ele manda. É mesmo uma relação de submissão. O fetiche dela, pelo que eu entendi, não é só pelas putarias, mas também pelo fato dela se anular como pessoa, como mulher e se sentir especial ao atender aos desejos do homem poderoso e rico que a “possui”. Beeeeem bizarro.
Ela engole umas coisas que não dá para acreditar (tô falando no sentido figurado, tá?). Por exemplo: ela trabalha nessa editora e, numa das cenas, avisa por SMS para o Grey que precisará viajar para Nova York a trabalho. Ele responde “NÃO”, assim, bem curto e grosso. E aí o que ela faz? Não vai. Simples assim.
Em outro momento, no começo do filme, um carinha que parece ser louco pela Anastasia, um latino chamado José (ai, jura?), faz uma exposição de fotografias onde metade das obras é foto da Anastasia. Bizarro? Sim. Calma que piora. O tal Grey chega na galeria e compra todos as fotos pra ele. Anastasia deve achar isso romântico.
É pelo poder e pelo dinheiro, né? Ou pelo tanquinho? O personagem dele não tem nada de encantador (pelo que vi no segundo filme, claro). Se você tirar aquele corpo maravilhoso e aquela cara de tarado, ele é tipo um Donald Trump, todo machista, babaca, tirano, dominador, achando que mulher tem que ser tapete dele…
E quando ele se apaixona por uma, acha que é dono dela. COMO É QUE ISSO PODE SER ROMÂNTICO?
Nenhuma das cenas de sexo chega a ser sexy de verdade. São filmadas de forma mecânica e, quando quase chegam lá, são cortadas rapidamente e lá vem mais discussão de relacionamento do casal.
Até a cena que teria que ser o ápice da putaria, quando ele a chama para o quarto vermelho, nada acontece. A direção quer mostrar um certo ritual na montagem das putarias, das algemas, quer valorizar e deixar sexy, mas falha. Tudo sem apelo sexy algum.
Tem peitinho e bundinha da Dakota Johnson? Sim. O Jamie Dornan está com a bunda de fora e sem camisa pra lá e pra cá? Sim (aliás, ele está muito mais sarado nesse filme). Dessas coisas, não podemos reclamar.
Esse grande ícone, uma das mulheres mais sexy de Hollywood nos anos 80 e 90, conseguiu fazer o pior papel de sua carreira no pior filme de sua carreira. Eu escrevo isso com sorriso no rosto porque a participação dela chega a ser muuuuito engraçada. De tão ruim que é.
Ela faz a Elena, dona de um salão de beleza (bancado por Grey) e uma mulher muito presente na vida dele. Pelo que eu entendi, ela abusou sexualmente do milionário quando ele era bem novinho. Anastasia odeia essa loira e o conflito entre duas mulheres competindo pelo mesmo homem é criado. Todas querem o Grey. Todas disputam o Grey.
Temos uma vilã bem caricata aqui, meus amigos. O penteado, a roupa, os olhares que Kim Basinger faz durante o filme inteiro são ma-ra-vi-lho-sos! Eu senti falta do tapa-olho pra ficar mais legal ainda e virar, oficialmente, uma novela mexicana tipo “A Usurpadora”. É brega demais. Algumas cenas tem brigas tipo jogar bebida na cara, dar tapões de virar o rosto.
São nessas horas que também aparecem os piores diálogos. Numa hora, ele afasta a Kim Basinger e diz que está amando Anastasia porque ela o ensinou a amar. Já a Kim Basinger só o ensinou a foder. Assim, na lata.
É um filme com vilões!!! O chefe da Anastasia, por exemplo, é afastado do emprego por um motivo que não vou revelar e no final ele aparece tramando sua vingança enquanto assiste todo mundo se divertindo… A cena é dramática. Aí ele pega uma foto do casal… Hahahaha! Chega! Vou deixar vocês verem.
Podia ser um episódio de “Revenge”, mas não é. Porque “Revenge” tem ritmo e é assumidamente tosca. Já “Cinquenta Tons Mais Escuros” acredita ser um filme bom.
Mas eu me diverti. Juro. Se uma amiga minha quisesse ir ver, eu iria de novo pra dar risada. Porque o filme é ruim, mas tem umas cenas que eu não consigo esquecer. De tão ruim, acabam sendo boas.
Quem leu o livro sabe que rola um acidente de helicóptero, né? Essa cena é absurda de tosca. Vou mandar mais spoilers. Grey está pilotando um helicóptero com uma colega de trabalho (eu acho) e sofre um acidente. A recuperação dele e a volta repentina à trama é absurda de ridícula. Amei e dei risada alta no cinema.
Fiquem atentos também para a cena em que ela diz sim para o pedido de casamento do Grey. A forma como isso acontece é de chorar. De rir.
– Kim Basinger como uma vilã de novela mexicana
– Jamie Dornan pelado
– Rita Ora toda animadinha e não servindo pra muita coisa
– Uma cena em que ele amarra uma barra de ferro atravessada que deixa as pernas dela abertas e depois vira a garota como se fosse um objeto. Achei bacana.
– A CENA DO HELICÓPTERO!
É isso. Se você está indo para achar sexy, desiste. Vai ver os atores pelados e só porque é tipo um filme B, pra dar risada. Não era o objetivo do filme, mas acabou sendo um bom trunfo.
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